"A argila, símbolo de
nascimento, de vida, de morte, possui origem arcaica. Está diretamente ligada
ao corpo, à percepção tátil, à tensão e relaxamento muscular, às sensações das
pontas dos dedos. Como símbolo da Grande Mãe, dá forma a conteúdos
inconscientes, ativa elementos arquetípicos, permitindo que os afetos sejam
projetados no material, impondo seu próprio ritmo e gestos que exigem uma
progressão contínua. Gouvêa, em seu livro “Sol da Terra”, percebe “...enquanto
analista que essa massa real (o barro) quando em atividade na sessão, não
amassava apenas o imaginário da intimidade do analisando mas conectava a nível
profundo das forças [...] que num primeiro momento o barro se apresenta mais
materno do que nunca, sem entretanto negar o fogo, o sal, o sol [...] e a mão
quente insere-se no barro em busca do sol ou da lua mergulhados na umidade do
ser; aí, do arquétipo nasce a imagem arquetípica que o tempo eternizará no
Si-mesmo.” (GOUVÊA, 1989, P.62)"
trecho do livro "Arteterapia:as funções psicológicas e a linguagem simbólica" Marise Piloto, 2018.