sábado, 2 de outubro de 2010
CRIATIVIDADE E ALGUNS CONCEITOS PRINCIPAIS
“Criatividade”, “criador”, “criativo”, “criar”, tratam-se de palavras que traduzem um discurso freqüente, quando se fala em educação através de arte, porém o fazem dentro de uma premissa tão genérica, que é difícil isolar e definir o conceito.
A questão do estímulo à criatividade e de como esse conceito é visualizado, estabelece uma problemática que vai além de pressupostos pedagógicos, gerando questionamentos que indagam a natureza da própria concepção de criatividade, como condição inerente de uma vocação ou uma habilidade, que depende de características que são discriminadas como inatas ou como adquiridas, gerando a concepção de um conceito que reflete a dicotomia estabelecida na sua própria origem.
No ensino de Arte, o termo criatividade foi utilizado inadequadamente, se distanciando também da idéia inicial, a da “livre expressão”, passando a ser utilizado para qualificar qualquer tipo de trabalho, mesmo que este nada tivesse a ver com a idéia que se tinha de criatividade.
Conforme Saunders (1984,p.19):“Por conseguinte, criar livremente não significa poder fazer tudo e qualquer coisa a qualquer momento, em quaisquer circunstâncias e de qualquer maneira. Vemos o ser livre como uma condição estruturada e altamente seletiva, como condição sempre vinculada a uma intencionalidade presente, embora talvez inconsciente, e a valores a um tempo individuais e sociais. Ao se criar, defini-se algo até então desconhecido. Interligam-se aspectos múltiplos e talvez divergentes entre si que a uma nova síntese se integram”.
Associados à livre expressão, foram formulados os primeiros conceitos que permearam o ensino de arte, a partir da interpretação de autores como Herbert Read e principalmente Viktor Lowenfeld, os principais responsáveis pelas idéias mais significativas que fundamentaram os primeiros programas que visavam o processo de criação artística dos alunos, em detrimento ao produto final dos trabalhos realizados, principalmente, através da Educação Artística.
Herbert Read apresenta, em seus estudos sobre a educação através da arte, concepções sobre o pensamento criativo e a imaginação infantil. É uma constante em seus estudos, a defesa da idéia de espontaneidade e livre-expressão na atividade artística infantil, como é possível verificar na citação a seguir.
Segundo Read (1986,p.29):“[...] precisamos tomar muito cuidado para não atribuir valor terapêutico demasiado a essas formas de expressão livre que desejamos incentivar como parte de nossos métodos educacionais.[...] À parte qualquer outro aspecto da questão, os desenhos de uma criança, produzidos como uma atividade espontânea, são evidências diretas de sua disposição fisiológica e psicológica [...]”
O mais importante é que uma pessoa criativa tem sempre sensibilidade para captar problemas, isto é, habilidade para identificar problemas em potencial antes que eles se concretizem.
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