segunda-feira, 9 de setembro de 2013

ROMANTISMO


O romantismo foi um movimento art
ístico ocorrido na Europa por volta de 1800, que representa as mudanças no plano individual, destacando a personalidade, sensibilidade, emoção e os valores interiores.
Atingiu primeiro a literatura e a filosofia, para depois se expressar atrav
és das artes plásticas. A literatura romântica , abarcando a épica e a lírica, do teatro ao romance, foi um movimento de vanguarda e que teve grande repercussão na formação da sociedade da época, ao contrário das artes plásticas, que desempenharam um papel menos vanguardista.
A arte rom
ântica se opôs ao racionalismo da época da Revolução Francesa e de seus ideais, propondo a elevação dos sentimentos acima do pensamento.

CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO

Grande é o número de características que marcaram o movimento romântico, características essas que, centradas sempre na valorização do eu e da liberdade, vão-se entrelaçando, umas atadas às outras, umas desencadeando outras e formando um amplo painel de traços reveladores.
Para aqui discuti-las, vamos seguir os aspectos considerados os mais significativos por Domício Proença Filho em sua análise dos estilos de época na literatura. [1]
1.      Contraste entre os ideais divulgados e a limitação imposta pela realidade vivida. O universo conhecido se alarga, o Século das Luzes deixa um rastro de anseios libertários, desloca-se o centro do poder; a dependência social e econômica, a inconsciência, o desconhecimento estabelecem para a imensa maioria, no entanto, uma existência marcada por limitações de toda ordem.
2.      Imaginação criadora. Num movimento de escapismo, o artista romântico evade-se para os universos criados em sua imaginação, ambientados no passado ou no futuro idealizados, em terras distantes envoltas na magia e no exotismo, nos ideais libertários alimentados nas figuras dos heróis. A fantasia leva os românticos a criar tanto mundos de beleza que fascinam a sensibilidade, como universos em que a extrema emoção se realiza no belo associado ao terrificante (vejam-se as figuras do Drácula, do Frankstein, do Corcunda de Notre Dame e a ambiência que os rodeia).
3.      Subjetivismo. É o mundo pessoal, interior, os sentimentos do autor que se fazem o espaço central da criação. Com plena liberdade de criar, o artista romântico não se acanha em expor suas emoções pessoais, em fazer delas a temática sempre retomada em sua obra.
4.      Evasão. O escapismo romântico manifesta-se tanto nos processos de idealização da realidade circundante como na fuga para mundos imaginários. Quando acompanhado de desesperança, sucumbe ao chamado da morte, companheira desejada por muitos e tema recorrente em grande número de poetas.
5.      Senso de mistério. A valorização do mistério, do mágico, do maravilhoso acompanha a criação romântica. É também esse senso de mistério que leva grande número de autores românticos a buscar o sobrenatural e o terror.
6.      Consciência da solidão. Conseqüência do exacerbado subjetivismo, que dá ao autor romântico um sentimento de inadequação e o leva a sentir-se deslocado no mundo real e, muitas vezes, a buscar refúgio no próprio eu.
7.      Reformismo. Esta característica manifesta-se na participação de autores românticos em movimentos contestadores e libertários, com grande influência em sua produção, como foi a campanha abolicionista abraçada por Castro Alves e o movimento republicano assumido por Sílvio Romero.
8.      Sonho. Revela-se na idealização do mundo, na busca por verdades diferentes daquelas conhecidas, na revelação de anseios.
9.      . É a fé que conduz o movimento: crença na própria verdade, crença na justiça procurada, crença nos sentimentos revelados, crença nos ideais perseguidos, crença que se revela ainda em diferentes manifestações de religiosidade cristã – fé. Não se pode esquecer a profunda influência do medievalismo na construção do mundo romântico, dele fazendo parte a religiosidade cristã.
10.  Ilogismo. Manifestações emocionais que se opõem e contradizem.
11.  Culto da natureza. A natureza adquire especial significado no mundo romântico. Testemunha e companheira das almas sensíveis, é, também, refúgio, proteção, mãe acolhedora. Costuma-se afirmar que, para os românticos, a natureza foi também personagem, com papel ativo na trama.
12.  Retorno ao passado. Tal retorno deu origem a diversas manifestações: saudosismo voltado para a infância, o passado individual; medievalismo e indianismo, na busca pelas raízes históricas, as origens que dignificam a pátria.
13.  Gosto do pitoresco, do exótico. Valorização de terras ainda não exploradas, do mundo oriental, de países distantes.
14.  Exagero. Exagero nas emoções, nos sentimentos, nas figuras do herói e do vilão, na visão maniqueísta a dividir o bem e o mal, exagero que se manifesta nas características já listadas.
15.  Liberdade criadora. Valorização do gênio criador e renovador do artista, colocado acima de qualquer regra.
16.  Sentimentalismo. A poesia do eu, do amor, da paixão. O amor, mais que qualquer outro sentimento, é o estado de fruição estética que se manifesta em extremos de exaltação ou de cinismo e libertinagem, mas sempre o amor.
17.  Ânsia de glória. O artista quer ver-se reconhecido e admirado.
18.  Importância da paisagem. A paisagem é tecida de acordo com as emoções dos personagens e a temática das obras literárias.
19.  Gosto pelas ruínas. A natureza sobrepõe-se à obra construída.
20.  Gosto pelo noturno. Em harmonia com a atmosfera de mistério, tão próxima do gosto de todos os românticos.
21.  Idealização da mulher. Anjo ou prostituta, a figura da mulher é sempre idealizada.
22.  Função sacralizadora da arte. O poeta sente-se como guia da humanidade e vê na arte uma função redentora.
Acrescentem-se a essas características os novos elementos estilísticos introduzidos na arte literária: a valorização do romance em suas muitas variantes; a liberdade no uso do ritmo e da métrica; a confusão dos gêneros, dando lugar à criação de novas formas poéticas; a renovação do teatro.
[1] PROENÇA FILHO, Domício. Estilos de época na literatura. 15 ed. São Paulo: Ática, 1995, p. 216-227


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