Alguns conteúdos do inconsciente são dependentes das
vivências de cada indivíduo: Jung denomina esses conteúdos de inconsciente
pessoal. Em uma definição mais precisa, trata-se de “percepções e impressões subliminares dotadas de carga energética
insuficiente para atingir o consciente; combinações de ideias ainda demasiado
fracas e indiferenciadas; traços de acontecimentos ocorridos durante o curso da
vida e perdidas pela memória consciente; recordações penosas de serem
recordadas” (Silveira, 1981,p.72).
Embora Jung reconheça a
existência do inconsciente pessoal, sua grande descoberta consiste em uma
camada do inconsciente que não depende de vivências pessoais. Tal camada foi
por ele denominada inconsciente coletivo: "O inconsciente coletivo é uma
parte da psique que pode ser negativamente distinguido do inconsciente pessoal
pelo fato de, ao contrário deste, não dever sua existência à experiência
pessoal. Enquanto o inconsciente pessoal é
composto essencialmente de conteúdos que certa feita foram conscientes,
mas que desapareceram do campo da consciência por terem sido esquecidos ou
reprimidos, os conteúdos do inconsciente coletivo nunca foram conscientes e,
portanto, nunca foram individualmente adquiridos, mas devem sua existência
exclusivamente à hereditariedade. Enquanto o inconsciente pessoal consiste em
sua maior parte de “complexos”, o conteúdo do inconsciente coletivo consiste em
sua maior parte de ‘arquétipos’ (Jung, 1990, p. 42).
Trecho do livro: SAIANE,
Cláudio, Jung e a Educação: uma análise da relação professor-aluno, São Paulo:
Escrituras Editora, 2003.
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