O homem criou formas mágicas, míticas,
ritualistas e lúdicas durante a noite dos tempos e escondia-se através de
disfarces que se chamam máscaras. Depois atravessou o Neolítico formando ciclos
agrários ou sazonais, quando já domesticava a planta, o animal e sabia queimar
a terra que moldava para o seu vasilhame, e assim continuou através da
História.
Para a mais perfeita expressão, esse homem
aperfeiçoou os caracteres estéticos da máscara; individualizou a sua
fabricação, segundo o uso ao qual era destinada; estudou o seu impacto no grupo
social a que pertencia o mascarado; e adaptou as máscaras aos diversos aspectos
das forças sobrenaturais e demoníacas que julgava descobrir e conhecer. Deste
modo, criou uma variada morfologia entre as diversas culturas que se multiplicaram.
Estes vários aspectos em consideração têm-se
prolongado desde as suas origens, pelos "primitivos atuais", até aos
animistas persistentes dos nossos dias, em África, Oceania e nas Américas.
Porém, no mundo contemporâneo dos cinco
continentes apareceram outras máscaras sem aquele sentido primitivo, baseado
nas suas origens longínquas.
Por isso, os etnólogos consideram atualmente
as máscaras universais em três grandes grupos, segundo a simbologia,a
funcionalidade lúdica e o esvaziamento do seu conteúdo original.
Num primeiro grupo classificam as máscaras de
todas as culturas que estejam apenas integradas na própria cultura e sociedade
que lhes deram origem e se combinem com o seu objetivo, a sua expressão e a
impressão e aceitação sociais.
Neste sentido, cada tipo de máscaras não
existe em si mesmo como sendo objeto separado dos seus contextos sociais e
culturais. Por isso,neste grupo as máscaras só se consideram autênticas em
função das mensagens que nos transmitem, devendo atestar a onipresença do
sobrenatural que pretendem representar e dos mitos que nos querem transmitir.
O segundo grupo reúne as máscaras referentes
ao espetáculo, por se terem desviado da sua primitiva função, desde a Grécia
antiga, passando pela Civilização Romana e atravessando a Idade Média e outras
Idades da História até aos nossos dias. As máscaras deste grupo representam
apenas uma personagem precisa e a sua estética resulta de normas bem definidas,
viradas para o espetáculo ou ambiente lúdico em primeiro lugar.
Um terceiro grupo é chamado grupo das
"máscaras falsas", por terem perdido todo o sentido
original,mostrando apenas uma aparência da tradição dos povos que tentam
representar,mas apenas para serem vendidas aos turistas. São máscaras
esvaziadas dum conteúdo contextual quanto à cultura que teimam representar e à
sociedade donde são originárias.
Na psicologia analítica junguiana, as
máscaras estão diretamente ligadas ao conceito de Persona, com a função de
anunciar aos outros como tal pessoa deseja ser vista. “Como máscara, o
arquétipo da Persona diz respeito principalmente ao que é esperado socialmente
de uma pessoa e à maneira como ela acredita que deva parecer ser. Trata-se de
um compromisso entre o indivíduo e a sociedade.” (GRINBERG, 1997)
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