Os místicos orientais possuem uma visão dinâmica do
Universo, semelhante à da física moderna e, consequentemente, não é de se
surpreender que eles também tenham usado a imagem da dança para expressar sua
intuição da natureza.
Um belo exemplo dessa imagem de ritmo e dança aparece no
livro Tibetan journey, de Alexandra David-Néel, onde ela relata seu encontro
com um lama, um “mestre do som”, que lhe transmitiu a seguinte descrição de sua
visão da matéria: todas as coisas[...] são agregados de átomos que dançam e
que, por meio de movimentos, produzem sons. Quando o ritmo da dança se
modifica, o som que produz também se modifica. [...]
A metáfora da dança cósmica encontrou sua expressão mais
bela e profunda no hinduísmo, na imagem do deus dançarino Shiva. Entre suas
várias encarnações, Shiva [...] aparece como o rei dos dançarinos. Segundo a
crença hindu, todas as vidas são parte de um grande processo rítmico de criação
e destruição, de morte e renascimento, e a dança de Shiva simboliza esse eterno
ritmo de vida-morte, que se desdobra em ciclos intermináveis.
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