Certa
vez, ouviu-se falar de um monge que vivia lá no topo do Monte Fuji. Diziam que
aquele era o mais sábio dos sábios e que o poder do sacerdote, era capaz de
resolver todo e qualquer problema e realizar todo e qualquer desejo. Mesmo o
mais sério problema e até o mais fugaz dos desejos. Então o homem mais rico
daquelas terras decidiu: – Irei ter com tal monge e ele me fará o homem mais
rico de todas as terras… O mais poderoso general daquelas terras, que estava ao
lado do homem rico também falou: – Pois também, eu, irei ter com o tal monge e
ele me fará o homem mais poderoso de todas as terras…
O
mais humilde dos servos, que também os acompanhava disse: – Pois estando eu, na
vossa companhia e se, apesar de minha insignificância, me for permitido estar
com o monge, lhe pedirei para que ilumine e dê a minha família paz e a certeza
de que nunca lhes faltará o que lhes for necessário para viver. Assim os três
homens seguiram caminho, em busca daquele que era o mais sábio entre os sábios
e o mais poderoso monge, capaz de resolver o mais sério problema e realizar
mesmo o mais fugaz dos desejos. Ainda no caminho, o homem rico queixou-se de
fraqueza e cansaço e ordenou ao servo que o carregasse em suas costas.
Este,
na humildade de sua singela existência, não questionou e fez o que lhe era
ordenado, levando o homem rico montado em suas costas, por toda a difícil
subida ao topo do Monte Fuji. Lá chegando, encontraram o velho sábio sentado à
observar a fumaça soprada pelo ventre da montanha. O homem rico foi logo se adiantando,
saltando das costas do servo: – Ouvi dizer que és o mais sábio e poderoso,
capaz de resolver qualquer problema e realizar qualquer desejo, pois então vim
para que façais de mim o mais rico de todas as terras… O general, nem mesmo
esperou que o homem rico terminasse de falar e já foi dando ordens: – Pois eu
quero que me torne o homem mais poderoso de todas as terras e que o faça o
quanto antes. O servo se recolheu em sua humildade e nada disse. O monge
observou os três homens por um longo tempo e depois se pronunciou: – Para
conseguirem tudo o que desejam, deverão procurar pelas terras mais baixas de
todas as terras. Lá descobrirão a mais profunda de todas as cavernas e dentro
dela haverá um pote e uma lamparina. Com esse pote e essa lamparina, seus
desejos serão atendidos de pronto.
Os
três homens seguiram caminho e andaram por dias, andaram por meses e… Em uma
das terras por onde passaram, encontraram algumas terras vizinhas, que viviam
em paz e sempre cooperavam umas com as outras. Apesar de terem perdido seus
reis e generais em guerras passadas, aprenderam a trabalhar juntos e conviver
em perfeita harmonia, mas o general, que era a pessoa mais poderosa de suas
terras não podia admitir um lugar onde não havia poder algum e todos eram
iguais, então decidiu que ele seria o homem mais poderoso daquelas terras
também. Acontece que aquele povo não desejava comandar ou ser comandado e então
prenderam o general onde ninguém o conseguiria libertar, até que ele aprendesse
que o verdadeiro poder não está, nem pode ficar nas mãos de uma só pessoa, mas
que deve pertencer a todos para que assim possam ser livres.
Não
havendo o que fazer pelo general, os dois homens seguiram caminho, mas ainda na
metade da jornada, o homem rico se queixou de fraqueza e cansaço e novamente
ordenou que o servo o carregasse e este, na sua humildade, apenas, obedeceu.
Finalmente encontraram a caverna mais profunda, nas terras mais baixas do
mundo. Entraram, ainda caminhara mais alguns dia caverna adentro e quando,
enfim, avistaram o pote e a lamparina, o homem rico desceu das costas do servo
em um salto e correu para conferir o que havia no pote, mas… O pote estava
vazio. Com a mesma vivacidade, pegou a lamparina.
Olhou-a
por dentro e por fora, esfregou, virou-a de ponta-à-cabeça e… Nada aconteceu.
Sem azeite, a lamparina se quer se acendeu. O homem rico, muito decepcionado,
bradou furioso: – Aquele velho estava apenas a rir-se de meus desejos! Pois
sim. Irei novamente ter com ele e verá do que sou capaz, com toda a minha
riqueza… Furioso, o homem rico acabou por se perder entre os longos e inúmeros
túneis da caverna e nunca mais retornou para suas terras e suas riquezas.
Quanto ao servo, logo que percebeu que o homem rico não retornaria com ele,
pegou o pote e a lamparina. Depois se colocou a caminho do Monte Fugi para ter
com o monge.
Encontrou
o velho sábio sentado da mesma forma que antes e ele falou: – Então trouxeste o
vaso e a lamparina! Mas afinal, qual é o seu desejo? Humildemente, o servo
respondeu: – Há meu senhor! Apenas desejo que forças superiores iluminem e de a
minha família paz e a certeza de que nunca lhes faltará o que lhes for
necessário para viver. O monge, mais uma vez, o observou em silêncio e depois
lhe falou: – Pois não tenha dúvida de que forças superiores te iluminam todos
os dias e que nunca faltarão aos seus a luz e todo o necessário para viver,
pois trouxeste e nunca deixará de levar consigo, o vaso da perseverança e a luz
da esperança, que te guiaram e a todos os seus que seguirem seus passos e nunca
permitiram que lhes falte algo na vida.
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